Tornozelos deitados

Estarei devendo, por falta de espaço e tempo, ao leitor do futuro, à guisa de testemunho pessoal, melhor portrait de nosso artista. O desenho fácil, feito de adjetivos, soa como lisonja, e disso não precisamos na poesia que vem vindo. Não que Luiz Felipe não convide toda uma fiera deles: inventivo, surpreendente, engraçado; ágil, frágil, mágico; muito bondoso e afetuo ardiloso, malicioso; rápido no ir do encantamento à ira; stately, plump, de reforçado corpanzil, olhos alegres, sorriso ensolarado; antena-da-raça, demiúrgico; quando no palco ou tribuna, arrastador de multidão ou múrmure e humilde como num confessionário; ébrio de verbos; domador de tropos retóricos, atento à menor viração de um giro novo; bom ouvinte; brioso, súbito, apaixonado; reverente mirador da paisagem humana, gentilíssimo servidor da condição feminina, sensível como um sismógrafo.

Luiz Felipe, aliás, tem residência no olho do furacão.

Jaques Brandt.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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