NA SUA CRUZADA contra a ideologia de gênero, Jair Bolsonaro decide que o registro civil de nascimentos (e o registro de identidade, o de casamentos, etc) substituirá o vocábulo genitor pelos de pai e mãe. Em bom bolsonarês significa acabar com essa pouca vergonha de casamentos, filiação e parturição de casais homossexuais.
Tais situações estão consolidadas, constituem realidades sociais e decorrem da crescente e intensa definição de identidades de gênero – em todo o mundo, excetuados países islâmicos, radicais ou não. O Brasil já atua nessa direção com o alinhamento recente de nossa diplomacia na ONU exatamente na questão de gênero e não por acaso com os estados fundamentalistas.
O humano para Jair Bolsonaro e as trevas pentecostais que o seguem divide-se entre masculino e feminino. Não há meio termo possível, crise de identidade de gênero, transsexualidade, essas coisas a quem as correntes evangélicas radicais já propuseram a absurda cura gay. Aliás, apesar das contraindicações científicas, não é impossível que o presidente Bolsonaro inclua a cura entre as prestações ofertadas pelo SUS.
Bolsonaro já deve ter aprendido na presidência aquilo que não aprendeu nas três décadas como deputado: terá que fazer lei para estabelecer os dois sexos oficiais – e para ele conformes à natureza – e reprimir as tendências – já consolidadas – em sentido contrário.
Pior que isso pode acontecer, levando o Brasil ao ridículo do mundo civilizado. Mas não é impossível, considerando que Bolsonaro foi eleito por aqueles que não ignoravam sua natureza obscurantista, regressista, retrógrada. Com ele uma maioria de igual natureza e qualidade no Congresso, que pode convalidar esse ponto da pauta do atraso.