Ruy Castro – Folha de São Paulo
Diante da crise, que não poupa nem a libido, os motéis brasileiros estão tendo de inovar. Nada de oferecer aos casais, por exemplo, previsíveis réplicas de Versalhes, do Taj Mahal ou das Mil e Uma Noites. Em vez disso, alguns têm suítes em forma de quarto de hospital (com uma fantasia de enfermeira no armário), cabine de avião (idem, com a de aeromoça) ou sala de tortura (com capuzes, chicotes de veludo e maquininha de dar choque). Já um motel em Brasília, o Altana, inspirou uma de suas suítes na Operação Lava Jato.
Deu na Folha na semana passada. Antes de penetrar na suíte propriamente dita, o casal passa por um corredor com paredes revestidas de cimento, adornadas por recortes de jornais e fotos dos ex-presidentes Lula e Dilma, do ex-deputado Eduardo Cunha e de outras estrelas da operação. A cama é cercada por grades, como as celas que abrigam os hóspedes da Polícia Federal. A decoração visa a atender os que têm um fetiche por fazer sexo sentindo-se aprisionados.
Em breve será possível organizar excursões turísticas inspiradas na ação da Lava Jato. Uma das atrações, como sugeri aqui outro dia, seria uma ida ao posto de gasolina em Brasília, o Posto da Torre, onde nasceu a investigação.
Outra visita obrigatória, esta em São Paulo, seria ao famoso tríplex que não pertence a Lula, numa praia do Guarujá habitada pela elite que ele sabidamente odeia, e ao sítio que também não lhe pertence, em Atibaia. Como são propriedades particulares, o turista não poderá conhecê-las por dentro, mas a imprensa já as descreveu fartamente.
E, numa vinda ao Rio, no intervalo entre as subidas ao Pão de Açúcar e ao Corcovado, um programa favorito tem sido tirar selfies diante do prédio do ex-governador Sérgio Cabral e de sua mulher, Adriana Ancelmo, no Leblon. Todos os taxistas cariocas sabem onde fica.