“Como remédio verdadeiro para o testemunho de tantos golpes, consumados ou não contra o país e a civilidade, o que interessa mesmo é o reaparecimento no outono desse casal de tiês, pouco depois do casal de saíras-sete-cores, nas vindas matinais. Da aroeira, podem me ver bem de perto, e, com toda a razão, não me dão a menor importância. O resto não é vida. É o Brasil atual.”
Com essas 67 palavras, Janio de Freitas arrematou sua coluna na Folha de S.Paulo no domingo 15 de maio. Calhou de no Rio de Janeiro ser um domingo mais melancólico do que os domingos, nublado e com chuva miúda. E as 67 palavras abriram um clarão que traz não só a lembrança do grande texto, pouco frequente nos jornais como um todo e em especial na analise política, como alerta para o privilégio, substantivo, de ser contemporâneo do jornalista que completa hoje, 9 de junho, noventa anos.
A longevidade não é trivial na profissão. Mais rara ainda quando acompanhada de energia argumentativa, posicionamentos inequívocos e nenhum interesse em contemporizar.Calejado por décadas de redação, bem poderia, como alguns outros, apenas administrar o muito que lhe é de direito. Mas não é assim que funciona Janio de Freitas.
Clique aqui para ler a matéria na integra em “Quatro Cinco Um”