Indignados, cadê vocês?

Em Brasília, uma festa lotada com a elite da cidade celebrava a chegada do fim de semana, embalada ao som de bandas ao vivo. Nos bairros de classe média e alta de São Paulo, as janelas vazias indicavam que as panelas estavam em seus devidos lugares: na cozinha. Na avenida Paulista, o prédio da Fiesp mantinha sua cor, sem qualquer sinal de que seus ocupantes poderiam ousar usar o local como um outdoor gigante em prol do combate à corrupção.

Onde estão todos aqueles indignados que, com suas empregadas puxando os carrinhos das crianças, vestiram orgulhosamente a camisa da CBF e foram pedir um Brasil melhor e sem corrupção?

Os áudios do pastor Milton representam um sério abalo para a ideia de república num país que, de tanto sofrer golpes, já não sabe exatamente onde está o chão. Se seu conteúdo for confirmado, o mais assustador é que ele apenas prova que a OCDE tinha razão: a interferência de Jair Bolsonaro na Justiça.

Objetivo central da política externa brasileira, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) elaborou um documento ainda em 2020 em que tecia críticas à interferência do presidente Jair Bolsonaro sobre instituições que deveriam manter sua autonomia para lutar contra a corrupção.

Jamil Chade

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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