Em Brasília, uma festa lotada com a elite da cidade celebrava a chegada do fim de semana, embalada ao som de bandas ao vivo. Nos bairros de classe média e alta de São Paulo, as janelas vazias indicavam que as panelas estavam em seus devidos lugares: na cozinha. Na avenida Paulista, o prédio da Fiesp mantinha sua cor, sem qualquer sinal de que seus ocupantes poderiam ousar usar o local como um outdoor gigante em prol do combate à corrupção.
Onde estão todos aqueles indignados que, com suas empregadas puxando os carrinhos das crianças, vestiram orgulhosamente a camisa da CBF e foram pedir um Brasil melhor e sem corrupção?
Os áudios do pastor Milton representam um sério abalo para a ideia de república num país que, de tanto sofrer golpes, já não sabe exatamente onde está o chão. Se seu conteúdo for confirmado, o mais assustador é que ele apenas prova que a OCDE tinha razão: a interferência de Jair Bolsonaro na Justiça.
Objetivo central da política externa brasileira, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) elaborou um documento ainda em 2020 em que tecia críticas à interferência do presidente Jair Bolsonaro sobre instituições que deveriam manter sua autonomia para lutar contra a corrupção.