#diariodobolso: ‘hoje em dia não querem que os homens sejam homens, talkey?

Ah, Diário, tô triste… Tive que mandar o Pedro Guimarães embora. O cara era um parça de primeira. Conversa sobre mulher era com ele mesmo. Agora, com quem que eu vou falar bobagem? Com o Carluxo? Com a Damares? Com esses generais que não ficam mais em posição de sentido? Não tem com quem, Diário…

Pô, o cara é cristão, conservador, adora arma e privatização. Com tantas qualidades, não podiam desculpar um deslizezinho?

O treco nem era novidade. Já em 2019 ele já foi pego no estacionamento com uma funcionária. Mas o segurança dedo-duro que fez isso foi demitido, é claro.

Pô, o Pedro só tava fazendo o trabalho dele: cuidando das poupanças e fazendo umas aplicações.

Poxa, tô tão chateado que nem consegui soltar um kkk depois dessa piada tão boa.

Fizeram umas contas aí e viram que o Pedro foi o cara que mais participou das minhas lives em 2021. 27 vezes. Mais que o Seif, da Pesca (23), e olha que eu gosto de pescar. Mais que o Tarcísio (21), meu candidato lá em São Paulo. E mais que o Gilson da sanfona (17).

Olha, eu gostava mesmo do Pedro. Até pensei em chamar ele pra ser meu vice. E o Pedro também gostava de mim. Até disse que ia se mudar pra África se eu perdesse a eleição.

As servidoras da Caixa contaram que o Pedro escolhia as mais bonitas pra viajar a trabalho com ele. Claro, pô. Queriam que chamasse as feias?

Aí, nessas viagens, ele convidava pra ir na sauna, ficava nadando em volta delas que nem boto, chamava a moça pro quarto pra discutir o futuro dela na firma, dizia umas coisas tipo “Vou te rasgar”, enfim, um romântico tradicional.

Ah, o mar não tá pra tubarão, Diário…

Esses dias prenderam aquele procurador de Registro, meu fã, só porque deu uns tapas na chefe dele; o vereador Douglas Gomes, de Niterói, meu fã, foi condenado por crime de injúria contra uma vereadora trans; e o Gabriel Monteiro, meu fá, tá sendo acusado de gostar de umas novinhas.

Mas o pior pra mim, Diário, foi que ontem perdi um julgamento aí por 4 a 1, praquela tal de Patrícia Campos Mello. Só porque eu disse que ela “queria dar o furo”. Ah, lembro que o Pedro adorou essa piada. Hoje em dia não querem que os homens sejam homens, talkei?

 José Roberto Torero

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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