Se você encontrasse o fundamento absoluto da verdade, o que faria? Encamparia? Moitaria? Espalharia? Se ajoelharia? Talvez fosse melhor encontrar um alien na noite estrelada. O alien pode ter dúvidas e algumas respostas, mas a verdade absoluta iria te encostar na parede e massacrar. Chutes e socos. Nariz quebrado, maxilar deslocado e outras luxações de menor importância. Nem verdade, nem meia verdade… O absoluto habita além das últimas hipóteses. Mais precisamente naquela casinha de pau-a-pique do fim da rua, dobrando a direita e se perdendo no mato.
Lá onde o diabo perdeu os chifres. Filósofos anteriores tentaram enriquecer o conhecimento pelas investigações dos diferentes processos de transformação do universo. A cada temporada, a praia mostra novo desenho, mesmo que apenas em detalhes sutis. A roupa dos banhistas muda conforme a cabeça dos estilistas. Os peixes nadam de lado ou de barriga para cima acompanhando as novas tendências dos usos e costumes marítimos. As tartarugas marinhas dão autógrafos aos ambientalistas renitentes. Tudo sugere que o dramático embate das consciências é condição para o autoconhecimento. Os peixes, porém, relutaram em assumir essa briga e não têm autoconhecimento. Estranham até com seu próprio reflexo no vidro do aquário.
O ser humano não estranha, mas sempre acha que aquele que olha do espelho é mais velho, mais feio, mais carrancudo. Tem dentro de si mesmo autoimagem brilhante, bonita e feliz. O jogo das hipóteses interligadas pode terminar zero a zero, mas quem sai ganhando são as causas intemporais que atestam nossa capacidade de resistir. O mundo das idéias precisa de nova iluminação, calefação e novo ar-condicionado. Pode pedir comida chinesa, também. E pintar as paredes com 30% de magenta mais 30% de cian e o que sobrar das cores das madrugadas assustadas na cidade grande.
*Rui Werneck de Capistrano não descobriu nada até hoje.