Na semana finda o Congresso Nacional decidiu sobre o veto de Jair Bolsonaro ao reajuste dos vencimentos dos funcionários da União: o Senado derrubou o veto e a Câmara o manteve. Os deputados e senadores do Paraná votaram ou pela manutenção, ou pela derrubada do veto. Uma única exceção entre os paranaenses, o deputado Nei Leprevost absteve-se de votar. Ou seja, não aprovou nem rejeitou o veto.
O reajuste poderia comprometer o equilíbrio fiscal e replicar demanda idêntica em estados e municípios. Por que e como votar é prerrogativa parlamentar no sistema representativo. As prerrogativas protegem os interesses dos parlamentares: a oposição, para derrotar o governo, a situação, para ajudar o governo. Os parlamentares brasileiros sabem que devem contas ao governo e ao partido, não a quem os elege.
O eleitor atento acompanha a atuação dos parlamentares, dos que elegeu e dos demais. Ali idêntifica a visão política, o interesse pessoal, o comprometimento com os eleitores e o bem público – sobretudo o caráter, atributo de fracas nitidez e força nos homens de Estado. O eleitor atento, avis rara: o eleitor normal esquece em quem votou e, quando lembra, ignora como se comporta o candidato a quem autorizou representá-lo.
Como entender Nei Leprevost, candidato a prefeito de Curitiba, o único a se abster na votação? Sem dúvida que tem direito à abstenção. O eleitor atento diria de Leprevost: se vota contra o veto perde apoios dos governos federal e estadual; se vota a favor do veto perde votos entre os funcionários federais e dos funcionários municipais. O interesse do deputado-candidato falou mais forte. Nisso é igual aos outros. Mas é um péssimo indício.