BRASÍLIA – Complica-se a cada dia a situação do deputado Pedro Paulo Carvalho Teixeira, pré-candidato do PMDB à Prefeitura do Rio em 2016. Há quase um mês, ele tenta se justificar por ter espancado a ex-mulher. O caso foi abafado por cinco anos, até ser revelado pela revista “Veja”.
O inquérito já está nas mãos da Procuradoria-Geral da República. Nesta quinta, entidades de defesa das mulheres prometem lotar a Cinelândia para cobrar que o deputado seja punido pela lei Maria da Penha. O ato deve atrair os principais movimentos do setor, à exceção de um: o PMDB Mulher, subordinado ao diretório estadual do partido.
“Eu não vou atirar pedra no Pedro”, diz a presidente do grupo, Kátia Lôbo. “Ele é nosso candidato a prefeito. Nós não vamos para a rua para bater nele”, acrescenta, com pouco cuidado na escolha das palavras.
Na última sexta, a dirigente reuniu 41 colegas para discutir o caso. Houve protestos, mas todas as militantes saíram com a orientação de defender o aliado. “Para mim, é uma situação bem delicada”, diz Kátia. “Mas a gente conversou muito e decidiu que não vai sair falando mal dele.”
A presidente do PMDB Mulher jura que não sabia do caso, denunciado à polícia em 2010. Segundo laudo do IML, o deputado deixou a companheira com diversos hematomas e um dente quebrado. “Fiquei perplexa. O Pedro é uma pessoa muito doce, muito educada”, diz. Apesar da perplexidade, ela promete se manter fiel ao aliado. “Ele não é um agressor contumaz. O que houve foi um desentendimento”, defende.
Kátia não está sozinha. Há três dias, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) declarou que vai “até o fim” com Pedro Paulo, a quem entregou a gestão das obras olímpicas. É uma aposta arriscada. O Rio tem 4,8 milhões de eleitores, dos quais 2,6 milhões (54%) são do sexo feminino. Se Paes não recuar, a disputa pela sua cadeira pode ser definida com uma pergunta simples: “Você votaria num candidato que bate em mulher?”