Esse drama, com toques de humor, narra a vida de dois irmãos, que vivem em uma região pacata da Holanda. Um deles sonha com as luzes da ribalta e com a possibilidade de ser um “show-man”. O outro, deficiente mental, se satisfaz com sua rotina tranquila, cômoda, onde possa ser apenas o que é. Sem diálogos, o roteiro exprime com brilhantismo o mundo desses dois irmãos, marcado pelos sussurros, grunhidos e lamentações.
O Ilusionista é, sobretudo, original. Conta a história de uma família circense, arrastada pela amargura da vida e a histeria dos espetáculos. E faz tudo isso sem diálogos, apenas com gritos, gestos e grunhidos. Os personagens desenvolvem uma interpretação que em alguns momentos se aproxima do clown. De fato, esse filme poder servir de aula para atores, de como estimular a sensibilidade e tornar-se capaz de comunicar apenas com os movimentos de face e corpo.
Pode até ser um pouco cansativo, mas o diretor consegue dar o seu recado a partir de uma estética que traduz imagens em história, gestos em palavras, ações em sentimentos. E a relação dos dois irmãos é, indiscutivelmente, belíssima e comovente.
Direção: Jos Stelling|Roteiro: Freek de Jonge; Jos Stelling|1984
Sobre Solda
Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido
não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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