Era começo de agosto de 1888. Van Gogh vagando nada vagabundo no Midi. “Também vi um estábulo com quatro vacas café-com-leite e um bezerro da mesma cor; o estábulo branco-azul forrado de teias de aranha, as vacas muito limpas e muito bonitas, um grande cortinado verde contra a poeira e as moscas na porta de entrada. Cinza também, cinza-Velásquez!
Era tão calmo – este café-com-leite e havana da pelagem das vacas com o suave branco-cinza azulado das paredes, o tapete verde-amarelo cintilante do exterior ensolarado fazendo-lhe uma oposição deslumbrante. (…) Vi de novo uma coisa muito calma e muito bonita outro dia, uma jovem moça de tez café-com-leite – se bem me lembro –, cabelos cinzentos, olhos cinzas, corpete de índia rosa-pálido, sob o qual se viam dois seios erguidos, duros e pequenos. Isso contra o verdor esmeralda das figueiras. Uma mulher bem rústica, grande ar virginal. Não é totalmente impossível que eu a faça posar ao ar livre, assim como sua mãe – jardineira – cor de terra, que estava então de amarelo fosco e azul desbotado. A tez café-com-leite da mocinha era mais escura que o rosa do corpete.
A mãe estava surpreendente, sua figura amarelo fosco e azul desbotado se destacava em pleno sol contra um canteiro de flores resplandecentes, branco-neve e limão. Portanto, um puro Vermeer de Delft. Não é nada feio o Midi.” O sol caiu, a noite veio, desaprendemos a natureza, as cores, a vida em foco nas coisas simples e repousantes. Van Gogh olha pra trás, nos vê vagando vagabundos desbotados contra o céu cinza, e ri seu riso amarelo-sol radiante.