Vaticano condena capa do ‘Charlie Hebdo’ com Deus portando um rifle

O jornal do Vaticano classificou como “lamentável” e desrespeitosa com fiéis de todas as religiões a última capa do jornal satírico francês “Charlie Hebdo”, que retrata Deus portando um Kalashnikov.

A edição de aniversário relembra o ataque à redação do “Charlie Hebdo”, em Paris, ocorrido há um ano, quando militantes islâmicos mataram 12.

Na capa, será estampada uma charge de Deus ensanguentado portando um rifle, sob o título: “O assassino ainda está solto.”

O jornal diário do Vaticano “L’Osservatore Romano” acusou o “Charlie Hebdo” de tentar “manipular” a fé.

“Por trás da bandeira enganosa de um secularismo intransigente, o semanário francês mais uma vez esquece o que os líderes religiosos de todas as fés vêm pedindo há muito tempo: para rejeitar a violência em nome da religião e que o uso de Deus para justificar o ódio é uma verdadeira blasfêmia”, escreve o diário.

“A ação do ‘Charlie Hebdo’ mostra o triste paradoxo entre um mundo que é cada vez mais sensível em ser politicamente correto a ponto de ser ridículo (…) mas não quer reconhecer ou respeitar a fé de quem crê em Deus, independentemente da sua religião.”

O “Charlie Hebdo”, conhecido por suas capas satíricas satirizando líderes políticos e religiosos, foi alvo de um ataque em 7 de janeiro de 2015 que matou muitos de seus principais integrantes.

Após o ataque, o papa Francisco destacou a posição antirreligiosa do jornal.

“Você não pode provocar, você não pode insultar a fé dos outros, você não pode fazer piada com a fé”, disse o religioso, na época, a repórteres durante uma viagem a Ásia.

O Vaticano emitiria mais tarde uma declaração dizendo que os comentários do papa não foram feitos como uma justificativa para os ataques.

charlie-gebdo-rissFolha de São Paulo – Reuters

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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