Veja-se!

A Experiência (Das Experiment) – (2001). Um grupo de pesquisadores resolve selecionar cobaias humanas para uma mórbida experiência: simular a ambiente de uma penitenciária dividindo os homens em dois grupos, os presos e os carceceiros. Prevendo algumas reações básicas do instinto humano, como as de sobrevivência e de rebelião, os pesquisadores acreditam ter toda a situação sob controle. No entanto, medidas tomadas pelos carcereiros para conquistar a obediência, como humilhações e agressões físicas, tornam a prisão simulada numa bomba-relógio.

“A Experiência (Das Experiment)” é um filme que prende o espectador na cadeira até o último instante. A progressão que parte do controle total ao caos irremediável faz parte daquela curiosidade última das pessoas em ver o circo pegar fogo. Como que importando alguns elementos de “O Senhor das Moscas” de William Golding, “A Experiência” traz à tona aquele instinto mais primitivo e animalesco do ser humano e a vontade de potência que caracteriza qualquer agrupamento social. Nesta luta pelo poder, poucos são aqueles que podem dizer que lucraram algo e a experiência certamente se converte num fracasso, tanto de uma ciência inescrupulosa como daquilo que se convenciona como moral.

O elo fraco do roteiro é o romance entre o protagonista, Tarek, e uma mulher que ele conhece num acidente pouco antes de ser encarcerado. As digressões psicológicas de Tarek distoam completamente naquele ambiente opressor e é possível que a intenção do roteirista fosse a de quebrar a tensão constante da trama. Mesmo assim, o inverossímil romance permanece como um corpo estranho no interior do filme, mas nada que interfira fatalmente no desenrolar da história.

Seguindo uma linha de cinema que transmite até as últimas consequências uma angústia visceral, o cinema alemão tem premiado o público mundial com filmes como “Corra Lola, Corra”, “Anatomia”, “O que fazer em caso de incêndio?” e este interessantíssimo “A Experiência”. Uma experiência marcante!

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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