Para quem não lembra, Roberto Jefferson Monteiro Francisco, natural de Petrópolis, RJ, chegou aos refletores quando, verborrágico e com excesso de peso, foi o general da “turma de choque” do governo Collor, durante o processo de impeachment.
De lá para cá, ele mudou apenas de dimensões físicas: operou o estômago e, com isso, diminuiu de peso e ficou mais lépido.
No mais, continuou o mesmo de sempre: truculento, metido a valentão, e, sobretudo, vocacionado para apoiar o governo, seja qual for, e disso tirar o máximo de proveito possível. Em seis mandatos em Brasília, passou de Collor à base de apoio de FHC e de Lula. Na Câmara Federal, foram 13 anos de toma-lá-dá-cá. Com Lula emplacou, entre outras vantagens, o Ministério do Turismo, a presidência da Infraero, a presidência do Instituto de Resseguros do Brasil (autarquia que movimentava a bagatela de R$ 900 milhões/ano), a Eletronorte, a Delegacia Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (base eleitoral do nobre parlamentar) e a diretoria de administração dos Correios.
Nestes últimos, em 2005, envolveu-se em um escândalo de corrupção com fraude a licitações e desvio de dinheiro público. Ante a iminência da instauração de uma CPI, o esperto Jefferson deu uma de bom moço e “denunciou” a prática da compra de deputados federais da base aliada pelo PT de José Dirceu. A prática ficou conhecida como “mensalão“. Quer dizer: depois de haver se locupletado pessoalmente, denunciou o esquema montado pelo PT e abalou o companheiro Lula. Fez um estrago danado e acabou cassado pela Câmara dos Deputados, perdeu os direitos políticos e foi condenado pelo STF a sete anos e alguns dias de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Como fora “colaborador”, ficou pouco no cárcere.
No breve governo Temer, tentou fazer a filha Cristiane Brasil ministra do Trabalho, mas a carreira da moça foi abreviada pela Polícia Federal.
Agora, Roberto aproximou-se de Bolsonaro – aquele que havia prometido afastar-se da velha política do “é dando que se recebe”, dos corruptos e oportunistas. Jefferson que de bobo não tem nada, divulgou em sua rede social uma foto segurando um fuzil e afirmando que se prepara para”combater o bom combate. Contra o comunismo, contra a ditadura, contra a tirania, contra os traidores, contra os vendilhões da Pátria. Brasil acima de tudo. Deus acima de todos“.
Em seguida, advogou o fechamento do Supremo Tribunal Federal e a perseguição à imprensa: “Bolsonaro, para atender o povo e tomar as rédeas do governo, precisa de duas atitudes inadiáveis: demitir e substituir os 11 ministros do STF, herança maldita. Precisa cassar, agora, todas as concessões de rádio e TV das empresas concessionárias Globo”.
O Messias adorou e Roberto Jefferson virou o novo mentor do presidente e líder do “Centrão” no Congresso Nacional. Caberá a ele mexer os pauzinhos se um novo impeachment for desencadeado.
É assim que a coisa funciona nesta terra de seu Cabral! Sai governo, entra governo e tudo se modifica para ficar na mesma. O baile continua e os mesmos sempre encontram um jeitinho de permanecer no salão. A orquestra segue em frente e nós, os idiotas da planície, sofremos as consequências, em meio a uma pandemia que já matou mais de 13 mil brasileiros e continua crescendo.
Só faltava o vírus Roberto Jefferson. Não falta mais.