Susan Pinker, psicóloga e colunista do The Wall Street Journal, divulga pesquisa sobre a longevidade. Homens e mulheres que mantêm amizades por longo tempo vivem mais, elas como sempre mais duráveis. Só na Sardenha, a ilha do mar Egeu, as mulheres duram tanto quanto os homens. Pelo jeito por lá mulheres e homens morrem ao mesmo tempo.
A pesquisa tem um ponto instigante, o cigarro: ele mata menos quem tem velhos amigos. A pessoa pode fumar feito chaminé, com certeza mulheres e homens longevos fazem isso na Sardenha. Mas como têm amigos de longa data, com os quais convivem o tempo todo, inclusive filando cigarros, vivem mais.
Se você chegou ao ocaso da existência, hoje não fuma e absteve-se de amigos tóxicos, não há como voltar atrás, nem buscando cidadania da Sardenha. Nesta altura adiantada da vida, a amizade nova vira artigo raro. Mesmo que se consiga fazer novos amigos há o problema do tempo para cultivá-los.
Resta o prêmio de consolação, o cigarro. Já que o tempo dos velhos amigos se foi e o tempo dos novos é inviável, melhor voltar a fumar. Mas se o cigarro causa repulsa, não há porque sofrer à toa. O cigarro é elemento intercambiável, há outros recursos. Se a morte está próxima, por que não aproveitar?
Pode-se trocar o cigarro pela bebida. Sim, tem a questão de misturar com os remédios da pressão, da coagulação e do colesterol. A última saída será o sexo, com a inevitável contraindicação do ridículo e da frustração. Não custa tentar, a vida é curta. Claro que se você tiver netos, esqueça tudo o que Susan e eu escrevemos.