Vida Fácil (Hardcore) – Grécia (2004). Direção e roteiro de Dennis Iliadis. Deixando uma vida árdua com as suas famílias para trás, duas jovens meninas acabam em um prostíbulo. Estabelecendo entre si uma dúbia relação de afeto, dependência e atração física uma se apoia na outra contra as adversidades, tentações e violências da noite.
Dennis Iliadis parecia prever a decadência por qual passa a Grécia. Vida Fácil é um filme sujo, do submundo grego, da prostituição, da violência, da carência, da pobreza de espírito e da indecisão.
Da prostituição dos governantes, que prefere ver seu povo miserável e decadente, ao ter que deixar de pagar aos banqueiros ou abrir mão de suas regalias. Sem dúvida Sócrates deve estar se revirando no além. Da violência moral sofrida pelos pais de família gregos e da reação popular, armada com paus e pedras. Da carência do povo grego, sem emprego, sem dinheiro, sem direitos.
Da pobreza de espírito dos banqueiros e chefes de Estado europeus, que só pensam em fazer contas para salvaguardar seu capital e nunca pensaram em apresentar um projeto de reconstrução social da Grécia. Da indecisão de toda uma nação, que não sabe o que irá acontecer no dia de amanhã.
Na verdade, Vida Fácil não fala de nenhuma dessas questões políticas (que na época nem se previa); se restringe à trajetória de duas jovens prostitutas. No entanto, não é difícil olhar para o filme e encontrar metáforas para a situação atual da Grécia. Um filme que me lembrou um pouco de Cidade Baixa. Um título que resume a difícil vida dos gregos: hardcore!