Visto assim do alto

Protesto de taxistas, ontem, contra a violência
no Rio. (Foto O Globo)

Aconteceu novamente. Mais um fracasso desta estúpida política de enfrentamento que a Policia carioca – através do almofadinha Sergio Cabral, o governador da hora – decidiu adotar no combate a criminalidade. As conseqüências são trágicas e diárias. Já foram contabilizadas, este ano, centenas de mortes e a criminalidade não diminuiu… Sem falar das tragédias paralelas que as ações militares provocam com as mortes de civis e inocentes. O caso do menino João Roberto, filho de um taxista, enterrado ontem depois de metralhado por dois PMs que tinham como alvo o carro da sua mãe (perigosamente acompanhada de outro bebê de três meses), é apenas mais um a fomentar a estatística.

Durante muito tempo o governo de Leonel Brizola (que se recusava a colocar a policia nos morros: “Antes precisamos dar educação, saúde e trabalho para depois invadir a favela. Diante da omissão do estado, eu já sei o que vamos encontrar lá em cima: miséria”. foi acusado de facilitar a vida de traficantes e bandidos de morro. A banda reacionária da sociedade sempre exigiu o pé-na-porta do barraco e metralhadora em punho, sem considerar o despreparo da Polícia, hoje uma entidade tão suspeita como qualquer quadrilha. Brizola dizia que nem as armas e nem a cocaína eram fabricadas no alto do morro: “O governo federal se isenta de responsabilidades, mas é das fronteiras abertas do país que chegam armas e drogas, graças à corrupção”.

Ou seja, meninos, enquanto não se conseguir moralizar o conjunto da sociedade, vamos nós continuar à mercê das atitudes típicas de um povo atrasado e de um governo arbitrário, em tudo ainda subdesenvolvido apesar do glamour global provocado pelo avanço tecnológico. Um falso brilhante.

Toninho Vaz, de Santa Teresa.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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