Votação da denúncia contra Temer na CCJ deve ficar para quarta

Otimistas com resultado, deputados governistas devem abrir mão do tempo para agilizar discussão, mas alto número de oradores deve atrasar votação

O início dos debates na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara está agendado para a manhã desta terça-feira, mas a votação da denúncia contra o presidente Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral), todos do PMDB, está prevista para ocorrer apenas na quarta-feira. Terão direito à fala os 66 integrantes titulares (que têm poder de voto), os 66 suplentes e até quarenta deputados que não tem assento na CCJ.

Membros podem falar por até vinte minutos e os demais, por quinze, o que praticamente garante que a decisão não possa ser concluída ainda neste primeiro dia de debates. Existe a possibilidade de que os governistas, otimistas com o resultado da votação, prefiram abrir mão do seu tempo ou não usá-lo totalmente para acelerar a tramitação e evitar que seja protelado para quinta-feira. Um dos principais articuladores de Temer na Câmara, o deputado Beto Mansur (PRB-SP) afirma que a base aliada trabalha com a meta de alcançar o mesmo resultado obtido na primeira denúncia.

Naquele momento, após rejeitar o parecer de Sérgio Zveiter (Podemos-RJ), os parlamentares da CCJ aprovaram, por 41 votos a 24 e uma abstenção, o relatório do deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), que também era a favor do arquivamento da denúncia. “Acredito que a gente vai ter uma votação muito expressiva, parecida com aquela que tivemos já na primeira denúncia, que também foi arquivada tanto por sugestão da CCJ quanto no plenário”, afirmou.

Para Mansur, a divulgação dos vídeos da delação premiada do operador financeiro Lúcio Funaro não deverá influenciar os deputados na votação da Comissão. Nas imagens, Funaro diz que o presidente Michel Temer recebeu propina repassada pelo ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), entre outras acusações. “Na minha opinião, não muda absolutamente nada. Nós temos um número de votos consolidado dentro da CCJ para votar o relatório o deputado Bonifácio de Andrada e indicar para o plenário o arquivamento da denúncia”, disse.

Oposição

Para a oposição, o cenário para análise da denúncia piorou para o governo em relação à primeira peça elaborada pela Procuradoria Geral da República (PGR). “O ambiente para análise da segunda denúncia é completamente diferente daquele da primeira. Além do aprofundamento da crise institucional, a robustez da denúncia e, principalmente, o ambiente de desagregação da base aqui dentro favorece a que a denúncia seja aprovada pelo plenário”, disse o líder da minoria, deputado José Guimarães (PT-CE).

Segundo o deputado, a oposição tem tentado conseguir votos contra Temer conversando com os parlamentares e alertando-os sobre o impacto da denúncia na eleição do ano que vem.

“Temos três linhas de ação na CCJ e no plenário. A primeira delas é convencer, através do recurso que foi apresentado, que as denúncias deveriam ser fatiadas. Segundo, convencer os deputados para diminuir a diferença de votos para impactar aqui no plenário. E terceiro, o grande trabalho que estamos fazendo, é nos aviões [durante viagens], nas bases dos deputados, mostrar que ainda há um espaço para aqueles que votaram a favor do governo na primeira denúncia possam se redimir agora, porque isso tem impacto sim na eleição. Eu penso que o ambiente está mudando muito”, avaliou. Veja (Com Agência Brasil)

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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