A memória é o youtube da mente. Estão lá todos os filminhos que já vivemos. Também são arquivados os filmes que já vimos, os que achamos que foram vistos, até mesmo os que inventamos. Todos continuamente mixados e remixados, inclusive entre eles, mixórdia de imagens.
São projetados da testa pra dentro, pela emocionada projetista de plantão, a Lembrança, na tela íntima de cada um. Diferentemente da net, o acervo não tá tão bem organizado, é impossível catalogar. Não temos canais, controle de exibição, nem busca eficiente. Às vezes se quer acessar um filminho e ele parece inacessível. Noutras, a gente não quer rever nada e ele roda assim mesmo. Cada youtube interno supera zilhões de vezes o volume do youtube real, quer dizer, virtual. E por mais compartilhado que seja o que se vê a dois, em grupo, os youtubes individuais jamais conterão as mesmas cenas.
Estamos todos sós em nossas salas. E na hora do tilt final, amém, dizem que passa um longuíssima-metragem, inteiro. Mas só os entubados assistem reprises.