Meu colega de turma era o irmão do meio, Sérgio, hoje médico ortopedista. Só alcancei Zé Molteni na faculdade. Juntos, fizemos o curso de Direito da Federal. Foi quando comecei a trabalhar, em uma companhia de seguros. E lá estava o irmão mais moço, Fábio, caro amigo desde então. Zé, Fábio e eu tínhamos em comum a paixão tricolor.
Eram músicos, os Molteni. Juntos fizeram o Opus 4, com Amauri Lustosa no papel do outro. Zé Molteni foi o precursor da cantoria familiar: tinha sido vocalista dos Calouros do Ritmo, se a vaga lembrança não me falha.
Dois dias depois de receber a foto do Zé Molteni, goleiro de um time que fez história no colégio, recebo a notícia da sua passagem para os confins da cidade que o Solda chama de Alhures do Sul.
Uma tristeza. Molteni jamais foi capaz de ultrapassar limites, como é que se vai assim para sabe-se lá onde? Lembro que ele encerrava qualquer peroração com um sorriso discreto. Por isso mesmo virou juiz. Um juiz de direito muito direito, a propósito.
Fiquei pensando em diversas maneiras de terminar este texto. Não me ocorreu nenhuma, além de deixar bem claro que acho uma grande sacanagem o Zé Molteni ter morrido.
Ernani Buchmann.