Arembepe é tão mágica que mesmo a vizinha e horrorosa refinaria de Camaçari não lhe tira o encanto. Ao contrário – até parece bela sob o olhar de quem entra naquela vila de hippies que estão acima do tempo. Ali tomei mais um gole de cachaça e ouvi as histórias de um novo/velho baiano. Então entrei na casa e as imagens de Iemanjá num grande álbum me deixaram ainda mais inebriado. A conversa era de alguém que quis botar o pé na estrada, mas o barro da pobreza não deixou, com alguém que foi, é, e será também paisagem naquele pequeno paraíso onde o mar chega na areia e ouve-se a voz de Caymmi no céu.
Foi aí que a dona da casa me deu o buzio, assim, do nada – e disse que era para ele me acompanhar para sempre. É o que acontece. Não faz tempo, foi ontem, porque essas coisas são sempre do agora. Minha proteção está ali, numa caixinha dentro de uma gaveta. De vez em quando eu olho – e vejo tudo de novo, em Arembepe, da Bahia do encantamento que atraiu as caravelas de Cabral e do descobrimento de quem encosta a nave da própria vida.