Tem um instante único, em que a luz preguiçosa do cair da tarde projeta, entrecortada por fios, galhos e fuligens, sobre uma fachada fria, ladeada por paredes de diferentes texturas, a sombra imponente de uma araucária.
Com essa sombra, que lembra uma resistente natureza, a luminosidade do dia se despede, ao mesmo tempo em que saúda e anuncia o ponto cardeal da sua partida, naquele instante de fim de expediente.
Eu tenho mais estrada pela frente e vejo outras cenas, luzes e sombras, cada uma a seu tempo e formas, desfilarem por aquela fresta de observação. Aprendi a reter cada presença que se alterna com o passar das horas e a atribuir algum significado de pertencimento e de desprendimento a todas elas.
Assim, vai-se levando… Inventando sentidos, enxergando tonalidades e pincelando um quê de poesia na sombra de um pinheiro, projetada em uma parede no cair das tardes deste ano que termina.