2020, entre luzes e sombras

Tem um instante único, em que a luz preguiçosa do cair da tarde projeta, entrecortada por fios, galhos e fuligens, sobre uma fachada fria, ladeada por paredes de diferentes texturas, a sombra imponente de uma araucária.

Com essa sombra, que lembra uma resistente natureza, a luminosidade do dia se despede, ao mesmo tempo em que saúda e anuncia o ponto cardeal da sua partida, naquele instante de fim de expediente.

Eu tenho mais estrada pela frente e vejo outras cenas, luzes e sombras, cada uma a seu tempo e formas, desfilarem por aquela fresta de observação. Aprendi a reter cada presença que se alterna com o passar das horas e a atribuir algum significado de pertencimento e de desprendimento a todas elas.

Assim, vai-se levando… Inventando sentidos, enxergando tonalidades e pincelando um quê de poesia na sombra de um pinheiro, projetada em uma parede no cair das tardes deste ano que termina.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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