Ícone e coisa e tal
Gente humilde, cada vez fico mais abilolado. Não leio mais os jornais do dia. Passo longe da tevê da hora. Mas, às vezes é preciso ler alguma coisa num jornalão. Tal como os classificados pra arranjar um quarto pra morar. Abri o jornal de um dia qualquer e fui folheando.
Lá pelas tantas dei com um texto cercado, desses de colaboradores. Um professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná escreve ‘O ícone e o que ele representa’. Fui lendo e, como sempre acontece com textos de professores universitários, não entendi nada. Poderia pôr o texto inteiro aqui, mas destaco um parágrafo. O segundo: “A substancialidade icônica ou meio de representação artística do símbolo possui um significado filosófico digno de uma apreciação mais acurada, pois tem o sentido profundo de uma ontologia evanescente, virtual, que carrega em si, como num processo quântico, a própria alma da natureza.”
E depois dizem que eu é que sou complicado! Quer mais? Vá ler na Gazeta do Povo de qualquer dia. Eu, pessoalmente, me babo quando leio essas coisas. Começo a divagar com frases como ontologia evanescente, virtual, que carrega em si, como num processo quântico, a própria alma da natureza e vou até Marte.Pode me chamar de burro, de preconceituoso, mas não entendi patavina do que ele quis dizer. Mas adoro textos assim e até imito sempre. Me lembram fumaça de fogueira de pneus: preta, fuliginosa, fedida. Que sobe em rolos densos e entra no nariz deixando tudo preto. Fico pensando na alma da própria natureza e não imagino nada. Nada. Nem um processo quântico num sentido profundo de uma ontologia.
Em algum lugar do passado