Meu herói

Na infância de calça curta e joelho ferido meus heróis passariam a ser os mocinhos dos cinemas e dos gibis – Durango Kidd, Roy Rogers, Fantasma Voador, Capitão América. Até perceber que o herói mesmo era meu pai, que saía todo dia ás quatro da manhã para ir à fábrica e voltava para casa às dez da noite, sacrificando o tempo que lhe foi concedido para prover a família. 

Na adolescência meus heróis eram americanos, no cinema e no gibi, e eu passei a achar que o pai não fazia mais do que a obrigação em prover a família. Hoje, cumprido o tempo que me foi outorgado, entendo que heróis são os operários anônimos das fábricas e dos campos e não os super-heróis dos quadrinhos e do cinema. Os americanos tiveram que inventar super-heróis. Homens como meu pai permaneceram apenas heróis.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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