© Marcelo Camargo|Agência Brasil
DIZEM QUE ninguém é completamente bom, nem completamente mau. Ou seja, a maldade e a bondade têm suas pausas de descanso. Ainda não tenho motivos para acreditar, pelo menos em parte. Na parte do completamente mau. Acredito que quem é mau é mau o tempo todo, o tal escoteiro do mal, o sujeito com a necessidade vital de prejudicar alguém todos os dias.
JÁ O COMPLETAMENTE bom, também acredito, mas só em parte, na parte do completamente: o bom tem seus vacilos eventuais, em que fica meio bom, bonzinho, sem transitar para a fronteira do mau (ou do mal, se você, como todos os ‘normaus’, confunde adjetivo com advérbio). Jair Bolsonaro quase abalou minha convicção. Sempre o tive e ainda o tenho como completamente mau.
RESSALVO no presidente o lado bom com os filhos maus. Normal; em matéria de filhos ninguém é de ferro; filhos nos deixam cegos, surdos, mudos e imbecis. Dizia: nesta semana Bolsonaro quase me abalou quando colheu amostras do rosto para investigar câncer de pele. Abri exceção e olhei – como diria Mário Montanha Teixeira – detidamente para o rosto do presidente.
UM CHOQUE, meu rosto tem mais sinais de alerta para o câncer que o de Jair Bolsonaro. Também devo baixar dermatologista. Outro choque: o rosto de Bolsonaro está completamente bom e o meu completamente mal. Sim, ‘mal’ mesmo, coisas da flor do Lácio. Um detalhe: o presidente é bom de rosto e mau de alma. O pintado aqui é bom de alma e está mal de rosto. Ainda bem que câncer de pele tem cura.