© Marcelo Camargo|Agência Brasil

DIZEM QUE ninguém é completamente bom, nem completamente mau. Ou seja, a maldade e a bondade têm suas pausas de descanso. Ainda não tenho motivos para acreditar, pelo menos em parte. Na parte do completamente mau. Acredito que quem é mau é mau o tempo todo, o tal escoteiro do mal, o sujeito com a necessidade vital de prejudicar alguém todos os dias.

JÁ O COMPLETAMENTE bom, também acredito, mas só em parte, na parte do completamente: o bom tem seus vacilos eventuais, em que fica meio bom, bonzinho, sem transitar para a fronteira do mau (ou do mal, se você, como todos os ‘normaus’, confunde adjetivo com advérbio). Jair Bolsonaro quase abalou minha convicção. Sempre o tive e ainda o tenho como completamente mau.

RESSALVO no presidente o lado bom com os filhos maus. Normal; em matéria de filhos ninguém é de ferro; filhos nos deixam cegos, surdos, mudos e imbecis. Dizia: nesta semana Bolsonaro quase me abalou quando colheu amostras do rosto para investigar câncer de pele. Abri exceção e olhei – como diria Mário Montanha Teixeira – detidamente para o rosto do presidente.

UM CHOQUE, meu rosto tem mais sinais de alerta para o câncer que o de Jair Bolsonaro. Também devo baixar dermatologista. Outro choque: o rosto de Bolsonaro está completamente bom e o meu completamente mal. Sim, ‘mal’ mesmo, coisas da flor do Lácio. Um detalhe: o presidente é bom de rosto e mau de alma. O pintado aqui é bom de alma e está mal de rosto. Ainda bem que câncer de pele tem cura.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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