No regime bolsoignaro, preto assumido só o Hélio Negão
SÉRGIO CAMARGO, presidente da Fundação Palmares do governo Bolsonaro, tem que ser despachado para Cuba. Não que seja comunista. É por causa de sua doença, cuja cura tem histórico de sucesso em Cuba, o vitiligo – aquela das manchas que fazem a pele ficar progressivamente branca, preservando em espaços o matiz original. Sérgio precisa de outro tratamento, o pró-vitiligo, uma reversão do preto para o branco.
Preto de nascença, Sérgio nasceu com alma, cérebro e coração brancos. Por isso carece do tratamento para tornar a pele branca. Ele demorou para assumir a Fundação, que atua na política dos negros (das outras cores cuida a ministra Damares, cor de goiaba, verde por fora, rosa por dentro). Sérgio falava mal dos pretos. Conseguiu assumir a Fundação, pois falar mal de preto no Brasil não dá problema para ninguém.
No governo Bolsonaro as paredes têm ouvidos, as línguas são soltas e os ralos nunca estão entupidos: em reunião recente Sérgio chamou o movimento negro de “escória maldita” e pespegou um “filha da puta” em Zumbi dos Palmares. Esqueceu do “quilombola de vinte arrobas”, uma das mais brilhantes frases do presidente da República. Repetisse o chefe, Sérgio ganharia indulgência plenária e um ministério inútil.