Vitiligo nele

No regime bolsoignaro, preto assumido só o Hélio Negão

SÉRGIO CAMARGO, presidente da Fundação Palmares do governo Bolsonaro, tem que ser despachado para Cuba. Não que seja comunista. É por causa de sua doença, cuja cura tem histórico de sucesso em Cuba, o vitiligo – aquela das manchas que fazem a pele ficar progressivamente branca, preservando em espaços o matiz original. Sérgio precisa de outro tratamento, o pró-vitiligo, uma reversão do preto para o branco.

Preto de nascença, Sérgio nasceu com alma, cérebro e coração brancos. Por isso carece do tratamento para tornar a pele branca. Ele demorou para assumir a Fundação, que atua na política dos negros (das outras cores cuida a ministra Damares, cor de goiaba, verde por fora, rosa por dentro). Sérgio falava mal dos pretos. Conseguiu assumir a Fundação, pois falar mal de preto no Brasil não dá problema para ninguém.

No governo Bolsonaro as paredes têm ouvidos, as línguas são soltas e os ralos nunca estão entupidos: em reunião recente Sérgio chamou o movimento negro de “escória maldita” e pespegou um “filha da puta” em Zumbi dos Palmares. Esqueceu do “quilombola de vinte arrobas”, uma das mais brilhantes frases do presidente da República. Repetisse o chefe, Sérgio ganharia indulgência plenária e um ministério inútil.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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