FAZER BLOGUE é vício, nocivo como qualquer vício. Cria a dependência de sempre publicar. Da dependência vêm os efeitos, físicos, emocionais e sociais. São as dores no corpo, costas, mãos, braços, ombros e suas artroses, tendinites, epicondilites e bursites. Vive-se na ansiedade de chegar ao texto final, apurado em pelo menos quinze tentativas, de que não raro resultam oito linhas. O japonês do haicai e Dalton Trevisan produzem com a naturalidade de quem solta o arroto acidental – prerrogativa dos gênios.
Entre o emocional e o social transitam o imperativo de atacar, o receio de ofender e a ressaca moral do auto-julgamento – somados à revolta de quem não gosta do que lê e daquele que simplesmente não entende. Vício, digam-nos os alcoólicos anônimos, é luta contra a dose diária. O vício não tem cura, está presente, à espreita, volta a qualquer momento. Quem faz blogue é blogólico, almeja ser anônimo. Segue a dose diária, as mãos a tremer e o peito a palpitar para o texto que luta para emergir.
Uma resposta a Blogolismo