Padrelladas

Diário da Pandemia

Enquanto falta anestesia nos hospitais para as vítimas do Coronavírus nós, moradores deste condomínio, estamos todos anestesiados.

Levanto à noite para beber água. Vou até a cozinha: saio do quarto, atravesso o corredor, e tudo é silêncio. Um silêncio criminoso como se o país estivesse mergulhado em paz. Como se não estivéssemos em guerra.

Bebo meu copo d’água em silêncio. Cercado por um silêncio tão pesado que me vejo abandonando a proteção da trincheira, abrindo a porta e, à maneira de Caetano Veloso em “Araçá Azul”, gritando a plenos pulmões: “Silêncio! Silêncio!” – e só o silêncio responde. Todos estão anestesiados. Estão todos deitados. Dormindo profundamente.

Procura-se Malária. Será condecorado como herói quem a encontrar. Temos grande estoque de comprimidos para tratamento dessa doença. Mostre que você é um bom brasileiro e pegue Malária. O Governo agradece.

O pó oriundo da raspagem de chifre vacum do grande rebanho mocorongo não funciona no combate ao novo Corona vírus. Erguer a embalagem para que Deus possa ler o que está escrito na caixinha me parece também coisa chegada a uma mocoronguice.

FRASES QUE FIZERAM HISTÓRIA – Ao contrário de “Senta a pua” e “A cobra vai fumar’, a expressão “Calma que o Brasil é nosso” não foi criada por um brasileiro.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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