Jair Bolsonaro escolheu o seu quarto ministro da Saúde, agora Marcelo Queiroga, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Certamente não pesou na escolha o fato de o médico já ter defendido o uso de máscaras e do distanciamento social. Afinal, esses meios comprovadamente eficazes para reduzir a contaminação não têm o apoio de seu novo chefe, Jair Bolsonaro. Tudo indica que a proximidade do novo ministro com o senador Flávio Bolsonaro, o filho Zero Um, teve um peso maior.
Como Queiroga vai conseguir conciliar a sua reputação de médico com a aplicação prática — e de consequências homicidas — das teorias do presidente? É o que nós vamos ver.
Poderia haver um encontro virtuoso aí, de sorte que Bolsonaro melhoraria um pouquinho. Mas já sabemos que as coisas não funcionam desse modo. O presidente tem o estranho poder de piorar aqueles que dele se aproximam. Em vez de aprender alguma coisa com os mais sabidos — e Bolsonaro não sabe quase nada sobre tudo —, os mais sabidos é que rebaixam seu conhecimento às idiossincrasias do chefe.
É o que acontece, por exemplo, com Paulo Guedes. Digam-me: depois desses quase três anos de convivência — incluindo a campanha eleitoral —, o que aconteceu: Bolsonaro aprendeu um pouco de economia, ou a economia que Guedes tinha na cabeça está mais desorganizada do que antes desse convívio deletério?