A maior avaliação já feita sobre a resposta global à pandemia, conduzida por algumas das lideranças mais respeitadas do mundo político internacional, cita o Brasil como um dos países que gerou mortes e um número elevado de contaminados por causa da falta de medidas adequadas e por ignorar os alertas e a ciência. O exame também concluiu que líderes que adotaram um comportamento negacionista geraram “consequências mortais”.
A referência faz parte dos documentos que embasaram as conclusões do Painel Independente criado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para examinar a resposta global à pandemia do coronavírus e sugerir uma reforma ampla da estrutura internacional com o objetivo de que uma nova crise sanitária assole o mundo.
O resultado da investigação é um golpe duro contra a OMS e líderes políticos: a pior pandemia em cem anos poderia ter sido evitada, o alerta da agência poderia ter sido dado antes, governos poderiam ter agido para salvar vidas e houve uma ausência de liderança global. “Esse desastre poderia ter sido evitado”, lamentou Helen Clark, ex-primeira-ministra da Nova Zelândia e que presidiu o esforço internacional. “Isso nunca mais pode ocorrer”, completou Ellen Sirleaf, ex-presidente da Libéria e que também liderou o processo de investigação.
Trata-se do pacote de informações, investigações e apurações mais completo sobre o que ocorreu e como o mundo deve superar a crise. O grupo pede que países apliquem medidas comprovadas de saúde pública na escala necessária para refrear a pandemia. “A liderança dos chefes de estado e de governo para conseguir isso é crucial”, diz. “O mundo também deve se preparar urgentemente para evitar que um futuro surto se torne uma realidade”, alertou.