Se o homem já não era de trabalhar (nem nos tempos da caserna nem na época do baixo clero na Câmara), imagine agora que está desmitificado. O exame minucioso da maior parte da população —que vê Bolsonaro como um político incompetente, falso, burro e autoritário e o governo que ele representa como corrupto— não teve influência nenhuma para mudar velhos hábitos.
À exceção dos crimes de responsabilidade que comete seguidamente, Bolsonaro continua sem fazer nada. Um sujeito que só pensa nele e despreza o país. Na última semana, depois de papear com membros da sua seita por 50 minutos no cercadinho do Alvorada e voltar a bater na tecla golpista de fraude nas eleições, até ele deve ter achado que era conversa fiada demais e se justificou dizendo que sua agenda estava “meio folgada”.
O repórter Getulio Xavier apurou os dados e descobriu que Bolsonaro falou a verdade uma vez na vida. No mês passado, ele só dedicou 83 horas a tarefas oficiais. Por oito dias não teve nem sequer um compromisso na agenda. Entre 3 e 6 de junho, zero hora trabalhada. A jornada média de trabalho mensal do brasileiro é mais que o dobro da do presidente. Os dispendiosos passeios de moto devem ter sido combinados entre um lanche e outro.