“Eu vi muitas pessoas com intenção de enganar; mas ninguém que consinta em ser enganado; os homens gostam tanto da verdade que, aquilo de que eles gostam, querem que seja verdade” – Santo Agostinho, Confissões, X, 23.
AS COISAS que Ratinho faz… Tivemos que recorrer ao doutor da Igreja para acalmar o espírito frente à última mistificação de sua excelência em sua vida ladrilhada de brilhantes. Qual a mistificação? Em recente encontro o governador desmanchou-se em elogios à ex-governadora Cida Borghetti, de quem enalteceu a administração, da qual resultaria o sucesso de seu – dele Ratinho – governo. Elogiador e elogiada, frise-se, não riram nem ficaram vermelhos.
Ratinho e Cida foram colegas no governo José Richa (2011-2018), ela vice-governadora (2015-2018), ele secretário de Estado (2013-2017). Cida governou por nove meses com a renúncia de Beto Richa. Ela e Ratinho disputaram o governo em seguida: campanha morna, tépida, debates na redação da Gazeta do Povo, marcados pela indiferença da governadora, pose de vitória assegurada e pelo discurso decorado dele, feito o aluno orgulho da professora.
Como santo Agostinho, vemos pessoas que enganam. Os políticos, mais que todos. O santo ensina que o poder da verdade é tamanho que todos precisam dela e aceitam o que pareça com ela. Os eleitores fanáticos, por exemplo, tomam a falsidade como verdade. Há ainda os que precisam que aquilo de que gostam seja verdade, ainda que falsa. A lição do santo vale para os evangélicos, pois ditas mil anos antes de Lutero.
O governador – agora coligado a um mentiroso patológico – lembra santo Agostinho. Resta-nos o inútil consolo de reconhecer a mentira de que Cida Borghetti, em nove meses de gestão seria responsável pelo resultado de oitenta e sete meses do governo Beto Richa. Quanto ao sucesso auto apregoado de Ratinho, que ele diz dever a Cida, este o doutor Freud explica: chama-se autoengano, mentir a si mesmo para convencer os outros.