A equipe eleitoral de Jair Bolsonaro lamenta o prejuízo que a deputada Carla Zambelli trouxe à reeleição do presidente ao perseguir em São Paulo, em pleno dia em rua movimentada – ela e seu segurança, ambos armados e em posição de tiro – o homem por quem diz ter sido ofendida. O suposto ofensor, homem negro, encontrava-se desarmado. Sejamos indulgentes com a deputada; ela foi coerente, no modo Bolsonaro, no modo Roberto Jefferson, que descarregou 50 tiros de fuzil na polícia federal, dias atrás. Logo a equipe reeleitoral… Seu líder, Fábio Wajngarten, ex-ministro da Propaganda de Bolsonaro, fez o mesmo há dois anos, quando sacou arma para afugentar e prender assaltante até que a polícia chegasse; de dia, em plena rua. Jefferson, Carla e Wajngarten seguem o ethos bolsonarista do amor às armas, para eles o sucedâneo da segurança pública.
Ao interessado proponho a leitura da página 47, vinte linhas, do ensaio de Miguel Lago, cientista político e professor brasileiro na Sorbonne; um livro atualíssimo e didático: Linguagem da Destruição, A Democracia Brasileira em Crise, no livro em parceria com Heloísa M. Starling e Newton Bignotto. Jefferson e Zambelli nada mais fazem que agir com o desembaraço do estímulo de Jair Bolsonaro ao propagar comércio, posse e uso de armas com o decreto que afastou o Exército do respectivo controle. Além disso não esqueçamos que o presidente exibe-se continuamente com metralhadoras e fuzis, chegando a informar que dorme com pistola sob o travesseiro. E como esquecer o escárnio institucional da foto dele e os quatro filhos em seu gabinete no Planalto, com o filho Eduardo, deputado federal, a pistola ostensiva e desafiadora, visível no cinto.