Lula está sob assédio de Arthur Lira para entregar o ministério da Saúde ao Centrão. A Saúde, esse descalabro brasileiro, chaga escancarada no país que aspira protagonismo internacional, é a boneca cobiçada dos corruptos. Ali tem licitações fraudadas, compras superfaturadas, empreguismo deslavado, desvios de medicamentos e abandono genocida dos enfermos. Mais, o descontrole endêmico que favorece a roubalheira. Prova disso está em que os políticos mais interessados em controlar a Saúde são exato aqueles vindos de regiões onde os índices de precarismo nos serviços é maior, vale dizer, norte e nordeste.
Arthur Lira quer tirar do ministério a titular Nísia Trindade, profissional respeitada e de renome, para trocá-la por um yes man do Centrão. Para ter ideia de como a área de Saúde é o sonho de consumo dos corruptos, o setor do ministério no Rio de Janeiro foi nos últimos quatro anos feudo de Flávio Bolsonaro, o senador, filho 01, que o recebeu do pai como apanágio de príncipe. A situação é tão visível, indecente, imoral e obscena que, ao ser demitida do ministério do Turismo, a deputada Daniela Carneira, eleita pelas milícias do Rio, pediu prêmio de compensação a um Lula, que se debulhava em lágrimas: a área de Saúde do Rio, aquela de Flávio Bolsonaro.
A administração da Saúde sob o controle do governo federal é o maior de todos os desafios de Lula. Se ele ceder ao Centrão, assina sua sentença de morte política, transforma-se no presidente pato manco, mais decorativo que a rainha da Inglaterra – que pelo menos faz do papel decorativo uma decisiva e essencial função de Estado. O Lula rainha será mais grave, muito mais, que mensalão, petrolão e outros escândalos das administrações do PT. Naquela época pelo menos havia José Dirceu, um primeiro ministro fiel ao partido e que sabia negociar com os bandidos do Congresso. Esse Lula chorão de hoje perde os dentes junto com os cabelos.