Lula III é Elizabeth II

Lula está sob assédio de Arthur Lira para entregar o ministério da Saúde ao Centrão. A Saúde, esse descalabro brasileiro, chaga escancarada no país que aspira protagonismo internacional, é a boneca cobiçada dos corruptos. Ali tem licitações fraudadas, compras superfaturadas, empreguismo deslavado, desvios de medicamentos e abandono genocida dos enfermos. Mais, o descontrole endêmico que favorece a roubalheira. Prova disso está em que os políticos mais interessados em controlar a Saúde são exato aqueles vindos de regiões onde os índices de precarismo nos serviços é maior, vale dizer, norte e nordeste.

Arthur Lira quer tirar do ministério a titular Nísia Trindade, profissional respeitada e de renome, para trocá-la por um yes man do Centrão. Para ter ideia de como a área de Saúde é o sonho de consumo dos corruptos, o setor do ministério no Rio de Janeiro foi nos últimos quatro anos feudo de Flávio Bolsonaro, o senador, filho 01, que o recebeu do pai como apanágio de príncipe. A situação é tão visível, indecente, imoral e obscena que, ao ser demitida do ministério do Turismo, a deputada Daniela Carneira, eleita pelas milícias do Rio, pediu prêmio de compensação a um Lula, que se debulhava em lágrimas: a área de Saúde do Rio, aquela de Flávio Bolsonaro.

A administração da Saúde sob o controle do governo federal é o maior de todos os desafios de Lula. Se ele ceder ao Centrão, assina sua sentença de morte política, transforma-se no presidente pato manco, mais decorativo que a rainha da Inglaterra – que pelo menos faz do papel decorativo uma decisiva e essencial função de Estado. O Lula rainha será mais grave, muito mais, que mensalão, petrolão e outros escândalos das administrações do PT. Naquela época pelo menos havia José Dirceu, um primeiro ministro fiel ao partido e que sabia negociar com os bandidos do Congresso. Esse Lula chorão de hoje perde os dentes junto com os cabelos.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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