Há textos que devem ser partilhados. De Vilmar Farias, ex-colega de TJ e amigo de todas as horas, recebi uma mensagem pessoal, mas que merece tornar-se pública pelo conteúdo.
Disse-me o bom Vilmar:
“Esta semana concluí a leitura de um livro. Ao resgatá-lo da estante, pensei: será que vou ter o retorno de satisfação em relação ao tempo dispensado na leitura? Como disse: livro resgatado, aquele que do folhear na livraria deixa-se na estante. Foi o caso. Mas me surpreendi, a escolha deve ter sido daquelas intuições que vem não se sabe de onde.
“Foi uma semana em boa companhia. Tipo mexe coração, pura emoção em viver horas em que recordar é viver no presente, o que se faz presente na saudade.
“Do autor: ‘A alma anda para trás, navega ao sabor do suave sopro da saudade. (…) Lembro-me da sala de visitas da casa do meu avô, num sobradão colonial, lá em Minas’.
“É provável que você já tenha reconhecido o estilo. Senão… ‘Primeira lição da psicanálise: se você quiser descobrir segredos, preste atenção nas coisas pequenas. Pois as origens da família do meu pai e da minha mãe se revelam no insignificante e banalíssimo ato de chupar laranja’ – conclui o autor.
“Não é incrível tal sensibilidade à perspicácia?
“Lembro-me bem a da sua coluna, sobre essa crônica: As laranjas. Magistralmente, trazendo ao seu público leitor o texto envolvente da análise sensível da alegria das coisas simples. Chupar laranjas com tampa ou sem tampa?
“Que o Natal nos envolva nesta alegria das coisas simples, chupar laranjas.
“O livro deve estar na sua estante. Sim, é Rubem Alves, Se eu pudesse viver minha vida novamente.
Sim, meu bom amigo, reconheci logo o nosso saudoso Rubem. O livro está, sim, na minha estante. Mas fiquei mesmo feliz ao saber que você também o encontrou e ele lhe ofereceu momentos de alegria, saber e bem-estar. Rubem Alves está fazendo muita falta. Felizmente, deixou uma vasta obra, que nos encantará para sempre.