Ao sopro da saudade


Há textos que devem ser partilhados. De Vilmar Farias, ex-colega de TJ e amigo de todas as horas, recebi uma mensagem pessoal, mas que merece tornar-se pública pelo conteúdo.

Disse-me o bom Vilmar:

“Esta semana concluí a leitura de um livro. Ao resgatá-lo da estante, pensei: será que vou ter o retorno de satisfação em relação ao tempo dispensado na leitura? Como disse: livro resgatado, aquele que do folhear na livraria deixa-se na estante. Foi o caso. Mas me surpreendi, a escolha deve ter sido daquelas intuições que vem não se sabe de onde.

“Foi uma semana em boa companhia. Tipo mexe coração, pura emoção em viver horas em que recordar é viver no presente, o que se faz presente na saudade.

“Do autor: ‘A alma anda para trás, navega ao sabor do suave sopro da saudade. (…) Lembro-me da sala de visitas da casa do meu avô, num sobradão colonial, lá em Minas’.

“É provável que você já tenha reconhecido o estilo. Senão… ‘Primeira lição da psicanálise: se você quiser descobrir segredos, preste atenção nas coisas pequenas. Pois as origens da família do meu pai e da minha mãe se revelam no insignificante e banalíssimo ato de chupar laranja’ – conclui o autor.

“Não é incrível tal sensibilidade à perspicácia?

“Lembro-me bem a da sua coluna, sobre essa crônica: As laranjas. Magistralmente, trazendo ao seu público leitor o texto envolvente da análise sensível da alegria das coisas simples. Chupar laranjas com tampa ou sem tampa?

“Que o Natal nos envolva nesta alegria das coisas simples, chupar laranjas.

“O livro deve estar na sua estante. Sim, é Rubem Alves, Se eu pudesse viver minha vida novamente

Sim, meu bom amigo, reconheci logo o nosso saudoso Rubem. O livro está, sim, na minha estante. Mas fiquei mesmo feliz ao saber que você também o encontrou e ele lhe ofereceu momentos de alegria, saber e bem-estar. Rubem Alves está fazendo muita falta. Felizmente, deixou uma vasta obra, que nos encantará para sempre.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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