A briga pelo orçamento

A aprovação do orçamento da União na semana passada ainda não foi bem digerida pelos líderes do governo no Congresso. O principal ponto de divergência é a fixação de prazos para que o Palácio do Planalto faça os pagamentos das emendas parlamentares, o que não existia até então. Falta decidir, porém, como resolver esse problema.

O vice-líder do governo no Congresso, Lindbergh Farias (PT-RJ), tem dito que a mudança para o próximo ano fere a Lei de Responsabilidade Fiscal. O texto foi aprovado com pressa nas duas casas, depois da demora na aprovação da Reforma Tributária e do Arcabouço Fiscal, as grandes prioridades do governo em 2023.

Para 2024, o governo deverá disponibilizar 54 bilhões de reais em emendas parlamentares, incluindo as individuais, de bancadas e de comissões. Esse montante deve inviabilizar programas nos quais o Palácio do Planalto pretendia investir, depois de aprovadas as novas regras de arrecadação e investimentos.

As lideranças do governo entendem que a medida implementa uma espécie de parlamentarismo no Brasil, sem que a população tenha decidido a respeito. Isso porque as mudanças no orçamento, na prática, reduzem o poder do presidente Lula de decidir sobre políticas públicas.

Além disso, as alterações diminuem o poder de barganha do Planalto sobre os deputados e senadores. Nos últimos anos, a liberação dessas emendas era usada para negociar votos no Congresso. Com a obrigatoriedade de pagamento, essa arma fica reduzida.

Dificuldades à frente

Com menos poder de fogo, o governo poderá enfrentar dificuldades para avançar nas pautas que pretende, sobretudo em 2024. No próximo ano, o principal objetivo das lideranças é focar nas leis complementares que são necessárias para que a Reforma Tributária possa entrar efetivamente em vigor.

Eles também querem focar nas agendas sociais, o que dependerá da boa vontade do Centrão, já que não há maioria plena que possa garantir a aprovação dos temas caros a Lula a partir de agora.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em O Bastidor e marcada com a tag , . Adicione o link permanente aos seus favoritos.
Compartilhe Facebook Twitter

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.