A mariposa e o código

Caro leitor, conceda-me a generosidade da atenção. Trata-se de uma situação do cotidiano, fato corriqueiro que no geral passa despercebido, mas a alguns deixa indignados.

Você está num grupo, em conversa com determinada pessoa, a quem dá atenção no modo educado, de olhar nos olhos e concordar ou pontuar com observações ou gestos de assentimento. A certa altura, quando toca a você dizer alguma coisa, o interlocutor foca seu olhar à volta, olhos a revirar e ouvidos atentos a outras pessoas e suas conversas.

Nesse momento fica visível que o outro “faz presença”, que você é mero figurante de um coletivo em que, para seu interlocutor, o único que importa é ele mesmo e sua parolice; e que, assim como lhe dispensou momentos de conversa, com a mesma rapidez pula para outro dos presentes, mariposa à procura do poste de luz. Como se chama isso?

Se tolerante e civil, você não percebe, ou, percebendo, não dá maior importância, parabéns, amigo, você é um homem do mundo. Pois para a minoria daqueles que, como este que o apoquenta com estas palavras, trata-se da mais elementar falta de educação, um crime contra o código da conversação civilizada.

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Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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