A pressão em cima da Copa do Mundo feminina nunca foi tão grande

O abismo que separa o salário entre as seleções masculina e feminina é imenso, mas elas não vão desistir

Treinadora: “A pressão em cima do nosso desempenho nunca foi tão grande. O governo brasileiro decretou ponto facultativo para assistir aos jogos da Copa do Mundo feminina. O torneio bateu um recorde histórico de ingressos vendidos. É uma oportunidade de ouro para aumentar a visibilidade e o engajamento do público no futebol feminino“.

Treinadora: “A pressão em cima do nosso desempenho nunca foi tão grande. O governo brasileiro decretou ponto facultativo para assistir aos jogos da Copa do Mundo feminina. O torneio bateu um recorde histórico de ingressos vendidos. É uma oportunidade de ouro para aumentar a visibilidade e o engajamento do público no futebol feminino“.

Jogadora: “Justiça, por favor”.

Denise: “Ele não fala português. Tem que comunicar com os olhos, com o corpo. Acessa essa dor dentro de você. Lembra os coleguinhas de escola que chamavam você de sapatão porque o que você gostava era de jogar bola. Lembra que as mulheres eram proibidas de jogar futebol no Brasil, por lei, na década de 1940. Lembra que até 2015 a seleção feminina não tinha nem uniforme próprio. Olha para o abismo que separa o teu salário de um jogador da seleção masculina, que ganha em torno de 60 vezes mais do que você. Mas você vai desistir por causa disso? Não vai, porque você é brasileira! Deixa a emoção tomar conta, se o David Luiz pode abrir o berreiro, você também pode.

Pronto, juiz deu o cartão vermelho. Sustenta a personagem, levanta sentindo a lesão. Arrasta mais essa chuteira, olha para cima, pede força para Jesus Cristo, enxuga o rosto com a camisa. Sinalizou que está bem, pediu o carinho da torcida e voltou para o jogo. Bravo! Alguém aqui conhece o sistema do Stanislávski? Não? Tudo bem, hora da mímica. Que tema vocês preferem, música ou filme?”

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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