A roseta de Jair

“ESTOU EM UM PAÍS CAPITALISTA” – declaração do presidente Jair Bolsonaro ao chegar à China. Frase fundamental, antológica, que irá perdurar séculos, inscrita nas memórias de livros e do equivalente que vier a substituir a internet. Vasculhando antologias de frases, em papel, bits e bytes, só encontro equivalente em outra, de outro brilhante militar e chefe de Estado, melhor, também imperador.

A frase de igual, ou talvez menor impacto, foi dita por Napoleão Bonaparte, que ao chegar ao Egito e prestes a comandar a Batalha das Pirâmides, estimulou suas tropas: “Soldados, do alto destes monumentos quarenta séculos vos contemplam”. Tão importante a frase que a história excluiu dela o vocativo ‘soldados’. Imagino o que Bolsonaro diria se falasse à imprensa ao contemplar a Muralha da China.

Não precisava afirmar o óbvio ululante, como Bonaparte. O heroi ali foi o filólogo Champollion, que havia decifrado a Pedra de Roseta (na ilustração), e nela a linguagem dos egípcios. A constatação de Bolsonaro não foi o óbvio, a não ser para seus seguidores, que consideram a China um país capitalista e o presidente não pode se meter com essa gente. Agradeçamos ao Champollion de Jair, Olavo de Carvalho.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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