Os passos da oposição

A oposição no Senado pretende aumentar ainda mais a tensão entre Rodrigo Pacheco, o governo Lula e o Supremo Tribunal Federal. São dois objetivos: fritar a gestão do petista para tomar conta da pauta da Casa e esticar a corda até haver clima que permita iniciar processo de impeachment contra um ministro do STF.

A fritura do governo já está acontecendo, com parlamentares apoiando a resistência de Pacheco – que tem seus próprios interesses – à interferência do Executivo no Senado via STF. No último dia 25, Cristiano Zanin, indicado por Lula ao Supremo, garantiu ao governo a suspensão da desoneração da folha de pagamento para 17 setores da economia.

A oposição quer pautar o tema o mais rápido possível em plenário para impor mais uma derrota a Lula no Congresso. O mesmo preceito valeu na aprovação do quinquênio da magistratura, que foi estendido para outros grupos do funcionalismo público, e será usado nos debates sobre o Perse.

Com isso, os parlamentares contrários ao governo esperam que a relação se enfraqueça e consigam colher frutos no futuro. O cancelamento da reunião marcada para esta terça-feira (30), entre líderes do Senado e do Executivo, já é um começo.

A segunda meta é a discussão sobre a abertura de impeachment contra um ministro do STF não é nova, vem desde 2020, pelo menos. Só que nunca há um presidente do Senado disposto a iniciar o processo.

A meta é impossível hoje. Mas a oposição acalenta a ideia. Os ministros mais visados pelos senadores da oposição são Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luis Roberto Barroso. Há alguns anos, os dois últimos eram os alvos principais, pela falta de apoio no Congresso, o que facilitaria o ataque.

Porém, a força concedida a Moraes pela República, para enfrentar o bolsonarismo, tem incomodado cada vez mais até quem não apoia o ex-presidente e discorda do atual.

Abrir um processo de impeachment contra um presidente do STF seria visto como um ataque ao Judiciário, não a um ministro apenas. Apesar da sanha para processar alguém do Supremo, nenhum senador fala em afastamento efetivo do cargo. A vontade é apenas assustar a corte para tentar contê-la.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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