Ajuda chinesa?

O governo de Jair Bolsonaro mandou uma carta ao embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, pedindo ajuda para “averiguar” se a farmacêutica Sinopharm pode vender 30 milhões de doses de vacina para o Brasil.

Claro que na prática é um apelo ao governo da China, país que desde antes de Bolsonaro ser eleito vem recebendo dele porretadas grosseiras, nas quais não faltou nem o achincalhe à pronúncia dos chineses falando português, defeito que, aliás, bolsonaristas não apontam em americanos, talvez pela natural perfeição na pronúncia de todo americano que fala a nossa língua.

A carta é do Ministério da Saúde, mas  não é assinada pelo ministro Eduardo Pazuello, como seria mais digno. Leva a assinatura do seu secretário-executivo. O texto é de um capachismo vergonhoso, o que não surpreende vindo dessa direita bravateira, que não sustenta o que fala.

Um trecho da carta apela para a sensibilidade das autoridades chinesas, dizendo o seguinte: “A campanha nacional de imunização, contudo, corre risco de ser interrompida por falta de doses, dada a escassez da oferta internacional”.

Cabe lembrar que esses covardes estão se comunicando com o mesmo país que em outubro, Bolsonaro peitou com valentia. “Não compraremos a vacina da China”’ ele disse, desautorizando seu ministro e anulando uma negociação para a compra de 46 milhões de doses da Coronavac.

Como são incapazes até da avaliação da própria força antes de provocar embates tolos, agora são obrigados a se humilhar, rebaixando também o nosso país. Mas aconselho a prestar atenção nessas cartas. Não vão chamar o imunizante de “vachina” nem escrever palavras como se fosse a fala do Cebolinha.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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