Anatomia de Uma Queda

Grande vencedor da Palma de Ouro em Cannes neste ano de 2023, ANATOMIA DE UMA QUEDA, francês, de Justine Triet, rompeu paradigmas. Foi apenas a terceira vez em que uma diretora venceu a Palma. As outras vezes foram Jane Campion (1993), por “O Piano” e Julia Ducornau (2021) por “Titane”. É uma obra excepcional, para dizer o mínimo.

Descrevendo a minúcias a investigação da morte de um escritor e a acusação de que tenha sido assassinado por sua mulher, Justine Triet e Arthur Harari escrevem um dos roteiros mais perfeitos dos últimos anos, com diálogos de uma profundidade e inteligência tão precisos, capazes de fazer qualquer plateia pensar e repensar os desígnios da vida enquanto descrevem a subjetividade do que é viver e julgar e o quanto as duas coisas podem se distanciar conforme as palavras que se usa para uma coisa ou outra.

Sandra Huller, a protagonista, é talentosíssima em construir uma personalidade mais do que humana, com todos os conflitos e contradições que uma verdadeira construção exige. Como disse um dia Fernanda Montenegro: “Para cada frase dita, pelo menos três subtextos”! E um menino, Milo Machado Graner, vivendo o filho enredado entre uma mãe acusada de assassinato e um pai morto, oferece um show de interpretação, conduzindo o roteiro com profundidade e nunca emoções fáceis.

ANATOMIA DE UMA QUEDA já é, de cara, um dos grandes filmes do ano. Diretora com domínio completo da narrativa, Justine Triet domina cada acontecimento com precisão e assertividade. Uma aula. A força da narrativa prende o espectador (Eu) na poltrona e avança para dentro das vísceras da alma, com dramaticidade e lógica. Um estudo profundo da natureza humana através de um filme policial que rompe qualquer conceito de gênero cinematográfico. Uma maravilha! Como disse um crítico: “De tirar o fôlego”!

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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