Diário da Crise CDV

A CPI voltou com o depoimento do presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres. Um depoimento sincero nos pontos essenciais. Ele se declarou contra a aglomeração, defendeu máscara e limpeza das mãos. Ele defendeu essas medidas, sempre que confrontado com o comportamento do Presidente da República.

Bolsonaro não gostou da sinceridade, dizem as notícias. O problema é que se um órgão técnico científico brasileiro seguisse seu caminho seria desmoralizado aqui e fora do Brasil. Barra Torres foi muito questionado sobre a vacina Sputnik V. Alguns senadores a chamam de Sputnik Cinco, supondo que o V é o algarismo romano. Mas é de vacina.

Os russos reagiram de forma muito negativa ao relatório da Anvisa. Ao que parece sua vacina é efetiva e segura. Por que não apresentar todos os dados pedidos pelo órgão regulador brasileiro? Seria ideal romper esse impasse porque o problema das vacinas está meio difícil. Já mencionei a crise na Índia e acho que de lá não se exporta insumo de vacinas tão cedo. A China ficou um pouco mais lenta depois dos ataques de Bolsonaro. E Pfizer fechou um negócio de 1,5 bilhão de doses com a Europa.

O mercado está um pouco difícil embora nos Estados Unidos cada vez mais o país se aproxime da satisfação e talvez possa liberar forças produtivas para que exportem. Andei lendo os jornais do mundo hoje mas nada me atraiu especialmente, talvez por causa da leitura rápida. A manchete do Houston Chronicle talvez sintetize uma das mais importantes notícias do dia: a vacina da Pfizer foi aprovada nos EUA para crianças entre 12 e 15 anos.

Isso certamente vai abrir uma nova frente de vacinação nos EUA, mas não creio que anule a esperança de que possam exportar no futuro próximo.

Hoje discuti o Rio no podcast com Lauro Jardim. Defendi duas teses: a da reconstrução do Rio com ajuda nacional e também o deslocamento do debate sobre a mortandade em Jacarezinho.

No momento, discute-se civilização ou barbárie, direitos humanos etc. Nessa discussão, a maioria está pendendo para aprovar a ação policial. Isso só vai ser modificado se questionarmos também pelo ângulo da eficiência. As mortes mudaram o panorama do Jacarezinho? Acabaram com a ocupação armada? Garantiram o direito de ir e vir dos moradores?

Caso reconheçam que não houve uma avanço real, talvez possam se abrir para uma nova abordagem de recuperação econômica e de ações policiais que ganhem a simpatia dos moradores.
Até que no Haiti, apesar de alguns deslizes, uma visão muito mais  adequada foi posta em prática pelas forças brasileiras nas favelas de Belair e Cité Soleil. Comparada com o que se fazia antes, foi um sucesso.

Terminei de ler a biografia de Humboldt. Vou tirar uma noite de folga e assistir o jogo do Flamengo, depois que terminar o trabalho no jornal das seis. Amanhã recomeço pegando mais pesado. Área de anexos.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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