Aquela coisa

ANA HICKMANN todo dia denuncia uma sujeira do marido. Beto Richa vive denunciando as sujeiras do Ministério Público. Ana precisa urgente de um ministro Toffoli na sua vida, para aplicar a ela a jurisprudência Beto Richa, que em essência significa o seguinte: os culpados são os outros, Beto nunca errou em nada, nem mesmo na ordem dos botões das camisas imaculadas, no enrolar as respectivas mangas e no cuidado de não amassá-las em sua dura faina de político. Ah, sim, os cebolões apreendidos em seu bem abastecido clôse não eram árabes nem presentes de empreiteiros agradecidos; Beto os comprou com o suor do rosto.

Beto e Ana são semideuses, que não podem levar porradas, como os falsos heróis de Fernando Pessoa/Álvaro de Campos no Poema em linha reta. No caso de Ana foram o marido e os clientes que compraram os produtos das firmas dos dois; no caso de Beto foi o povo cretino, de Curitiba e do Paraná, que o elegeu deputado, prefeito uma vez e meia e outra vez e meia governador; sim, mais o Ministério Público, que viu chifre na cabeça de Ezequias Moreira, um santo que complicou a sogra para ajudar o afilhado Beto. O MP deve agora pedir a prisão preventiva póstuma da Sogra Fantasma, que ao receber dinheiro sem fonte complicou a vida de Beto.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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