Fechei as janelas e corri as cortinas da redação do Insulto. Embora calafetados e isolados no vigésimo andar, não consegui escapar do fedor virtual que emana da Lava Jato. Nestes dias, como se fosse pouca a exposição das articulações da dupla Moro/Dallagnol, o ventilador está ligado à toda força frente às caçambas de estrume que Toni Garcia espalha, como o famoso boi da musiquinha. Este homem é caso especial, clínico, e a merecer estudo – ou não, diria Gilberto Gil.
Ele passa pelos lugares, colhe a sujeira, armazena e depois espalha. O método, sempre o mesmo: apanha as vítimas, cegas pelos serviços providos e pelo poder de sedução do ex-deputado, que por rancor, desamor ou pressão pelo conjunto da sua obra, guarda e entrega seletivamente o material que diz possuir.
Garcia tem sido o homem dos dossiês, gravações e filmes, bombas que dão chabu. Com a desgraça auto infligida dos operadores da Lava Jato, Garcia abriu sua caixa de Pandora, onde há (haveria?) de tudo, desde bacanais de desembargadores do TRF 4 até espionagem sobre José Dirceu, incumbência recebida do juiz Sérgio Moro. Com tal material Toni Garcia derrubaria uma república europeia. Não a do Brasil, onde a roupa suja política funciona como as lavanderias a quilo: o custo da sujeira depende do peso da roupa; ou seja, tem sujeira que se lava à mão, como calcinha em chuveiro e tem a que transborda o cesto do banheiro. As sujeiras vendidas por Toni Garcia são como calcinhas: torcidas ali mesmo, secam na hora, mesmo no corpo. Diria Lula, o pensador: o que vem de Toni Garcia é só narrativa.